Especialistas esclarecem dúvidas relacionadas à segurança, radiação e precisão desse tipos de exames de imagem
A realização de exames de imagem e clínicos tem aumentado no Brasil. Segundo o levantamento mais recente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), em 2023, o país registrou um total de 2,3 bilhões de exames diagnósticos. Somente as empresas associadas à associação responderam por mais de 972 milhões de exames, um aumento de cerca de 14% em comparação com 2022.
Os exames de imagem representaram 3% deste total, com quase 30 milhões de procedimentos no ano, o que corresponde ao crescimento de 20% em relação ao ano anterior. A ultrassonografia liderou a lista (40%), seguida por ressonância magnética (19%), raios X (10%) e tomografia computadorizada (7%).
De acordo com a Abramed, os exames por imagem permitem visualizar estruturas internas do corpo, localizar lesões e orientar tratamentos com maior precisão, inclusive no pré-operatório. Seja em cirurgias mais comuns ou em intervenções complexas, é a partir da análise dessas imagens que o médico consegue avaliar riscos e planejar a abordagem cirúrgica com maior segurança.
Para evitar dúvidas e desinformações sobre esses exames, como o medo de exposição à radiação, riscos à saúde ou limitações quanto ao uso em crianças e gestantes, especialistas esclarecem o que é mito e o que é verdade sobre o tema.
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Exames de imagem sempre usam radiação

Mito. Embora muitos exames utilizem radiação ionizante, como o raio X e a tomografia computadorizada, nem todos os procedimentos seguem essa lógica. Ultrassonografias e ressonâncias magnéticas são exemplos de métodos que não apresentam radiação.
Conforme explica o médico radiologista Fabricio Machado em artigo sobre o tema, o ultrassom utiliza ondas sonoras de alta frequência, enquanto a ressonância funciona por meio de campos magnéticos e ondas de rádio para formar imagens detalhadas.
Segundo ele, esses métodos são os preferidos em algumas situações clínicas, como em gestantes, pacientes jovens ou entre aqueles que precisam repetir os exames com frequência para monitorar condições de saúde.
Paciente pode ser sedado
Verdade. A permanência em espaços fechados, como o tubo da ressonância magnética e exame de PET-CT Oncológico, pode gerar desconforto em alguns pacientes, como crianças pequenas e pessoas com claustrofobia.
Em entrevista à imprensa, o médico radiologista, Harley de Nicola, explicou que estes pacientes podem se beneficiar de equipamentos de ressonância de campo aberto, que possuem laterais menos fechadas em comparação ao modelo tradicional. Quando essa alternativa não está disponível ou não é suficiente para reduzir o desconforto, é possível realizar o procedimento com sedação assistida por um anestesista.
Exposição excessiva à radiação pode causar danos à saúde
Verdade. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta que existem limites máximos de exposição à radiação e ultrapassá-los de forma recorrente pode provocar desde efeitos mais leves, como vermelhidão na pele, até quadros mais graves, como necrose de tecidos e câncer.
A tomografia é o exame que mais expõe o paciente à radiação ionizante, principalmente quando realizada em crianças e adolescentes, que possuem tecidos ainda em formação e são mais sensíveis aos efeitos da radiação. Além disso, por terem mais anos de vida pela frente, há maior chance de desenvolver efeitos de médio e longo prazo, incluindo alterações genéticas que podem ser transmitidas a futuras gerações.
Por esse motivo, a indicação médica deve ser rigorosa. A recomendação é sempre optar por técnicas que utilizem a menor dose possível de radiação, respeitando o princípio da otimização, e recorrer ao exame apenas quando realmente for necessário.
Grávidas podem realizar exames de imagem normalmente

Mito. Durante o primeiro trimestre da gestação, o ideal é evitar procedimentos que envolvam radiação, conforme explica o radiologista Harley de Nicola.
Exames sem radiação, como a ressonância magnética sem contraste, já podem ser realizados a partir da 12ª semana de gestação, se houver necessidade clínica. A decisão deve sempre considerar riscos e benefícios, sob orientação do médico.
Exames de imagem podem ter resultados errados
Verdade. Embora ofereçam alto grau de precisão, os exames de imagem não estão livres de falhas. A ressonância magnética, por exemplo, tem 95% de acurácia, o que significa que pode haver um falso-positivo ou falso-negativo a cada 20 exames, conforme o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR).
Já na mamografia, o índice de falsos-negativos é de, aproximadamente, 10%. Segundo especialistas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), os diagnósticos falsos estão relacionados, diversas vezes, à má qualidade do exame ou por erro médico.
“O tumor pode não ser identificado por diversas razões. Por exemplo, por se confundir com uma glândula, ou por estar situado em uma região superior, próximo ao tórax. Há ainda o fator humano, quando o médico não percebe a lesão”, explica a radiologista Ellyete Canella, médica do Inca.
Mamografia aumenta o risco de câncer de tireoide
Mito. O rumor sobre o risco à tireóide durante a mamografia circulou há alguns anos, mas já foi desmentido em parecer técnico que reuniu o CBR, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
As autoridades de saúde esclarecem que a dose de radiação na tireoide é considerada extremamente baixa, inferior a 1% da dose absorvida pela mama e equivalente a 30 minutos de exposição a fontes naturais, como o sol.